Fiz bem pra Deus?

"Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver...⁴⁰E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. "
Mateus 25:35,36 e 40

O que é altruísmo? Seria uma ajuda voluntária com esperança de recompensa, ou seria, ajudar o próximo sem nenhum interesse? Quais tipos de ajuda que as pessoas mais precisam hoje? Neste pequeno estudo, vamos falar um pouco sobre o que fazemos às pessoas que estão à nossa volta e o resultado que isso tem no nosso relacionamento com Deus.

Qual é o cenário do texto lido?

Jesus falando sobre o fim dos tempos, diz que os homens seriam divididos em dois grupos: um grupo à esquerda e outro à direita. Os da esquerda foram condenados enquanto os da direita foram abençoados. A diferença foi que os que estavam à direita, "fizeram bem pra Deus". Uma coisa estranha de se afirmar, porque, como nós, simples seres humanos, poderíamos fazer um "bem pra Deus"? Bem, a questão não é o que realmente fizemos, mas, como Deus considera o que fizemos. E sobre isso, vamos estudar neste artigo.

O que é fazer o bem?

O bem acaba sendo algo relativo para muitas pessoas, mas, em realidade, o bem sempre é algo absoluto. Alguns podem questionar sobre ponto de vista, por exemplo, uma coisa que acho que é boa, pode ser mal vista por outros, então, o que é realmente fazer o bem para alguém? A resposta é incrivelmente simples: o bem é tudo aquilo que resulta em benefícios para quem o recebe. Em outras palavras, o bem é tudo aquilo que não faz e nem fará mal pra quem recebe. Se estamos baseando em fatos, não importa o ponto de vista, o que faz bem, é algo bom e por outro lado, o que não faz bem, é algo ruim, independente da opinião alheia.

Um exemplo prático disso pode ser a questão do vício. Imagine, se um alcoólatra decide parar de beber e tem uma crise de abstinência. Você o vê e fica com pena dele e pensa: "Vou lhe dar só um pouquinho de bebida para aliviar, isso não vai lhe fazer mal". No teu entendimento, "um pouquinho" não fará mal, mas, você estará prolongando o período de "desmame" do alcoólatra e fazendo aumentar seu sofrimento, mas como "em teu ponto de vista" ele teve um alívio momentâneo, você achou que ajudou - que foi uma boa ação, mas, que na prática, você o prejudicou. Por isso, o bem nunca pode ser visto como "um ponto de vista", deve ser algo absoluto sempre avaliado pelos seus resultados e nunca pelas opiniões.

O verdadeiro altruísta

O mundo está cheio de gente dizendo querer fazer o bem para o próximo, mas, não se preocupam com os resultados do que estão fazendo. Como no exemplo acima, já deu pra entender que nem tudo que parece ser bom é realmente bom. E por outro lado, tem muita gente se aproveitando das necessidades alheias para se promoverem.

Uma das características do verdadeiro altruísmo, é que o altruísta não exige recompensa. Pessoas que gostam da palavra "caridade" e cobram o reconhecimento, na verdade estão barganhando promoção às custas do sofrimento alheio. Digo que isso é um pecado, pois, quem tem essa prática, torce pelo sofrimento dos outros pra ter uma oportunidade pra resplandecer seu nome em meio à escuridão do outro.

Jesus, por outro lado, nos ensinou em suas palavras e também em suas ações o verdadeiro altruísmo. Não vemos em momento algum Jesus dizer: "digam ao povo que eu fiz esse milagre!" ou Jesus dizendo que Ele deveria ser reconhecido por suas benfeitorias. Sempre vejo Jesus fazendo milagres por amor daqueles que o buscavam. Sua maior recompensa era ver a felicidade e libertação daqueles que recebiam uma cura física ou espiritual.

Um exemplo sobre como ser um verdadeiro altruísta, é o ensinamento que Jesus deu no famoso "Sermão do Monte". No capítulo 6 do livro de Mateus, Jesus começa a falar sobre esmola e diz a seguinte frase: "...não saiba tua mão esquerda o que faz a tua direita" (Mt 6:2-3). Contrariando vários tipos de altruístas de hoje, que ao fazerem algum "bem", saem divulgando em altas vozes sua "caridade", porque seu desejo é serem vistos pelos homens.

Conhecemos o verdadeiro altruísta pela ação de não se preocupar com retribuições e recompensas. Assim como Jesus, aqueles que realmente são altruístas, fazem o bem por amor ao próximo e essa é de fato sua recompensa.

A ação que chega a Deus

No texto de Mateus 25, vemos que Jesus elogiou aqueles que cuidaram do próximo. Suas ações foram motivadas pelo amor por aqueles que são dependentes e não tinham interesse em mérito pelo que fizeram. No texto, a ênfase está sobre as necessidades materiais, no entanto, eu gostaria de lembrar que algumas das necessidades que muitas pessoas têm hoje são emocionais.

No mundo atual, temos vivido dias de alto estresse. Todo mundo diz que está sem tempo, e parece que quanto mais atividades uma pessoa tem, mais atividades ela busca. Sem perceber, as pessoas estão se afastando umas das outras devido ao ativismo, e isso tem trazido um prejuízo emocional gravíssimo.

Uma pessoa pode até ser próspera financeiramente, ter uma ótima reputação profissional, possuir muitos bens, mas, se não tem amigos, perde o sentido da vida. A tristeza toma seu coração e sua mente; ela se sente isolada do mundo, sem propósito, e, por faltar amigos, a depressão aparece com força. Na verdade, uma das melhores dádivas que Deus nos deu são os amigos, especialmente aqueles que nos levam até Jesus, como os amigos do paralítico de Cafarnaum (Mc 2:1-12).

Com base nessa necessidade, penso que uma das boas ações que podemos realizar, além de doações, é ser amigo. Existem pessoas que não conseguem se abrir, mas isso não significa que não queiram ou não precisem de amigos. Elas precisam de pessoas confiáveis, amáveis, pessoas que saibam ouvir, e nós podemos ser essas pessoas.

A quantidade de pessoas que hoje estão precisando de serem ouvidas sem serem julgadas, pessoas que precisam de uma palavra amiga, de um abraço é um número muito grande e por incrível que pareça, essa tem sido uma das maiores necessidades das pessoas de hoje, pois as pessoas dispostas a serem amigas, estão desaparecendo. Com o ativismo, o tempo para ser amigo está escasso. Isso é uma crítica para todos aqueles que acham que não devem se aproximar de outras pessoas, que seus negócios devem ser sempre sua maior prioridade.

Me lembra a história do livro de Augusto Cury - "O vendedor de Sonhos". O livro é uma história de ficção que trata de uma situação que acontece no mundo real. Um homem, chamado Júlio César, que estava à beira do suicídio, disposto a se lançar do topo de um edifício. Bombeiros, um psiquiatra, polícia, todos tentaram dissuadi-lo, mas ninguém conseguiu. De repente, um homem maltrapilho, que se denominava "Vendedor de sonhos", sem nenhuma aparência de sabedoria diz que precisava falar com o suicida, mas além de falar, ele desejou ouvir as palavras daquele que queria se matar.

A conversa do Vendedor de Sonhos com Júlio César foi simples, mas, em vez de usar um discurso repetitivo de autoajuda, o Vendedor de Sonhos mostrou a Júlio César quem ele era e o fez refletir sobre isso. Quando Júlio César começou a falar, foi como se tomasse um remédio que o acalmasse. Quão importante é ser ouvido! Muitos, hoje, só querem saber de falar!

Quando valorizamos o ser humano, damos a este um presente maravilhoso, pois, a amizade sincera é como uma cura para uma doença grave. Por isso que vemos Jesus mostrar tantos sinais de amizade, proatividade no tocante a ajudar os outros, e as suas mensagens que, enfatizavam o cuidado com o próximo.

Além do episódio do paralítico, temos a parábola do Bom Samaritano (Lc 10:25-37), onde vemos um exemplo de grande amor ao próximo, sem nenhum jogo de interesses. A questão da compaixão é tão relevante nas Escrituras que, desde Gênesis até Apocalipse, encontramos a disposição desse ensino, evidenciando sua importância. Vemos grandes histórias bíblicas, como a de Rute e sua sogra Noemi, o ensino do apóstolo Tiago sobre a verdadeira religião (Tg 1:27), entre muitos outros exemplos na Bíblia, mas acredito que já está claro para todos.

Essas ações, tocam o coração de Deus, porque Ele nos criou para sermos um só corpo e isso alegra o coração de Deus.

Conclusão

Devemos buscar ser bênçãos uns para os outros; isso implica cuidar uns dos outros em suas necessidades. Essa benfeitoria chega ao coração de Deus e O alegra. Um desses cuidados é saber ouvir, que é tão importante quanto saber falar. Um homem sábio sabe ouvir os outros. A psicologia reconhece a importância de saber ouvir como uma habilidade fundamental nas interações sociais e nas relações interpessoais. Aqui estão alguns pontos-chave que a psicologia destaca sobre essa habilidade:

  • Compaixão: Saber ouvir está intimamente ligado à compaixão, que é a capacidade de compreender e a disposição para fazer algo de bom a respeito. Um dos atos de compaixão é saber ouvir o outro sem julgar e, ao conhecer, tomar atitudes que de fato ajudarão quem precisa.
  • Validação: Ouvir atentamente valida as experiências e perspectivas dos outros. A validação é crucial para construir relacionamentos saudáveis, pois as pessoas se sentem reconhecidas e valorizadas quando são ouvidas.
  • Fortalecimento dos Relacionamentos: A habilidade de ouvir fortalece os relacionamentos, criando um ambiente de confiança e respeito mútuo. Quando as pessoas se sentem ouvidas, são mais propensas a compartilhar abertamente e a se envolverem em conversas significativas.
  • Desenvolvimento Pessoal: Saber ouvir não é apenas benéfico para os relacionamentos interpessoais, mas também para o desenvolvimento pessoal. Ao ouvir diferentes perspectivas e experiências, você expande sua compreensão do mundo e aprimora suas habilidades de comunicação.
  • Redução do Estresse: A comunicação eficaz, que inclui a habilidade de ouvir, pode reduzir o estresse nas interações sociais. Quando as pessoas se sentem ouvidas, há menos probabilidade de mal-entendidos e conflitos, o que contribui para um ambiente mais harmonioso.

Em resumo, a psicologia destaca que saber ouvir não é apenas uma habilidade social valiosa, mas também é essencial para construir relacionamentos saudáveis, promover a compreensão mútua e facilitar a resolução de conflitos.

Devemos ter amigos! Saber ouvir pessoas e ser tardio em julgar ações. Fazer o bem que tem resultados compatíveis, não por necessidade de aprovação pública, ou qualquer tipo de recompensa, mas, por amar os que estão à nossa volta. Ore pelos outros, faça propósitos de intercessão por alguém. Mande mensagens de amizade, convide amigos para um café, um jantar ou mesmo, só pra bater papo! Esteja com as pessoas, interaja, converse, seja amigo. Essas ações (acredite), podem até salvar ou curar uma pessoa. Deus considerará essa ação como se você estivesse fazendo para Ele mesmo.

Deus abençoe tua vida!

Por Rogério Filho

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