Ministério de louvor



Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade." João 4:23

O louvor é um ministério que chama a atenção na igreja. A música é um dom almejado por muitos, e vários tentam alcançar esse ministério. Contudo, ter o talento musical é apenas uma parte do caminho para se tornar um ministro de louvor. O primeiro requisito para um ministro de louvor é a qualidade de vida com Deus que ele possui. Não adianta ser um mestre em música e, ao mesmo tempo, uma pessoa completamente indiferente às verdades das Escrituras. Todo ensino bíblico e toda prática dessas verdades são imprescindíveis para se tornar um ministro de louvor.

Levitas?

É comum vermos os ministros de louvor sendo chamados de Levitas, mas, essa conotação condiz com a verdade?

Os levitas eram descendentes da tribo de Levi. Na época dos Tabernáculos, foram separados por ordem de Deus para serem as pessoas que levavam a Arca da Aliança, montavam os Tabernáculos ao longo do caminho e também eram responsáveis pelos utensílios do mesmo. Os levitas formavam uma tribo sacerdotal.

Durante o reinado de Davi, os Levitas, além das funções que já possuíam, passaram a ter funções de música, como descritos no texto em I Crônicas 15:

...disse Davi aos chefes dos levitas que constituíssem, de seus irmãos, cantores, para que com instrumentos musicais, com alaúdes, harpas e címbalos, se fizessem ouvir, levantando a voz com alegria.” 1 Crônicas 15:16

Davi havia criado um local de adoração fixo, como um templo e durante os rituais os Levitas deveriam cantar e tocar louvores segundo a sua orientação.

Uma observação importante é como Davi escolheu os ministros de louvor do Templo (vale lembrar que este ainda não era o Templo de Jerusalém, pois o mesmo foi construído durante o reinado de Salomão). Ele não os escolheu de qualquer lugar e não permitiu que ministrassem sem antes convocá-los à santificação, pois ele sabia o quão importante era a responsabilidade dos levitas. Além disso, Davi selecionou aqueles que também tinham talento para a música, como o texto menciona ao convocar cantores, tocadores de harpas, alaúdes, etc. Ou seja, eram pessoas que já tinham prática na música e também assumiam responsabilidades espirituais.

Os ministros de louvor na igreja não são levitas, pois não são judeus, muito menos descendentes da tribo de Levi. No entanto, o título de levita não é algo relevante para ser ministro de louvor. Conforme Jesus disse no texto que menciona "adoradores que adorarão ao Pai em espírito e em verdade", entendemos que o que realmente importa agora é que a adoração seja sincera e alinhada com a vontade de Deus. Portanto, para ser ministro de louvor, é necessário ser um verdadeiro adorador e músico, assim como Davi escolheu os levitas para serem ministros de louvor.

O ministro de louvor

Todo cristão deve ser um adorador e não somente os ministros de louvor. Uma observação importante é que o ministro de louvor não é o cantor principal da equipe de louvor, mas, todos que estão minhistrando no período de louvor.

Adoração não é uma propriedade ou característica de um ministério específico. O ministro de louvor deve ser um adorador tanto como os irmãos da Consolidação, da Ação Social, como um líder de célula, ou um pastor. O ministro de louvor deve ser um adorador que tem talento musical para exercer o ministério. A exemplo do ministério pastoral, não vemos pastores que não conhecem a Palavra e não tenham desenvoltura e didática para ensiná-la, da mesma forma, um ministro de louvor não deve ser uma pessoa qualquer, ele deve ser um profundo conhecedor das Escrituras assim como o pastor e também ter habilidade em sua função musical.

Mas, além do talento musical é importante que o ministro de louvor tenha outra característica pastoral: a habilidade de ouvir as pessoas e ser simpático a todas. O ministro de louvor acaba se tornando um exemplo na igreja, assim como pastores e ministros da Palavra e por isso, ele deve ser uma referência de comportamento e amabilidade. Um ministro de louvor soberbo, irritadiço, preconceituoso, néscio, não pode de maneira nenhuma ser um ministro, é necessário ser tratado nessas áreas primeiro

Quando as pessoas veem um ministro de louvor, elas olham para alguém que não está apenas cantando e/ou tocando na igreja. Elas veem nele um exemplo para ser seguido, uma inspiração de cristão, então, se esse exemplo for ruim, o que será da vida dessas pessoas que confiam nesse ministro? Quando olhamos a vida de Jesus e dos apóstolos, vemos que eles não ensinavam apenas com as palavras, mas, ensinavam muito com seus exemplos. Muitas pessoas antes de ouvirem as palavras de Jesus, já desejavam conhecê-lo pois sabiam que Ele era uma pessoa amável, que não repudiava a ninguém e que só sua presença já trazia paz aos presentes. Mas, como posso explicar tais argumentos? Basta olharmos a própria caminhada de Jesus enquanto homem. Vamos ver alguns exemplos bem relevantes:

1. A mulher samaritana (João 4:5-30): O texto base deste estudo nos remonta o cenário de Jesus em Samaria. A situação da antiga richa entre Judeus e Samaritanos. Jesus, judeu, messias, em contraste vemos a mulher: samaritana e pra piorar, adúltera. Mesmo tento todos os motivos para discriminar a mulher, Jesus não fez caso da condição dela, antes quis salvá-la e assim o fez. Como vemos no texto, a pregação de Jesus foi curta, mas, seu amor revelado à mulher mostrou que ela podia confiar Nele e assim aconteceu. Sua atitude nos mostra que devemos fazer como Jesus fez, nunca julgar uma pessoa por causa de condições sociais, antes, amou-a nos mostrando que devemos fazer o mesmo. O ministro de louvor deve ver a pessoa e não seus erros.

2. A cura do leproso (Lucas 5:12-14): De acordo com a Lei, o leproso deveria ser isolado e chamado de imundo. Até mesmo suas roupas deveriam ser removidas e queimadas, pois haveria risco de contaminação (ver Levítido 13:25-59). Mas, quando Jesus vê o leproso, Jesus não se importa do risco de contaminação, Ele toca o leproso e o cura. Aqui, Jesus nos mostra a compaixão que tem com pessoas que são isoladas por diversos motivos. Se pudermos usar esse exemplo nos dias de hoje, outras coisas podem ser consideradas como uma “lepra” que traz riscos de nos tornar também imundos, mas, a exemplo de Jesus, o ministro deve receber a todos e com sabedoria saber cuidar dos isolados. Assim como Tiago diz em suas palavras: “A religião pura e imaculada é visitar os õrfãos e as viúvas em suas necessidades e não deixar se corromper pelo mundo” (Tiago 1:27).

Percebo muito a altivez em meio aos músicos das igrejas que parecem mais serem artistas famosos do que ministros de louvor e que às vezes, entre eles, vemos grupos que isolam pessoas menos favorecidas, consideradas de uma classe mais baixa ou como de má reputação devido a determinadas condições (obviamente, esse conceito não é global, são exceções que observei). Baseando nos dois exemplos acima (lembrando que na Bíblia temos muitos outros exemplos do tipo), temos que absorver o seguinte conceito: o ministro de louvor nunca deve discriminar a ninguém, mas, deve amar e cuidar de todos que Deus lhes deu. Seu ministério está além de cantar e/ou tocar, mas, ministrar sobre as pessoas, assim como outros ministros o fazem. Se alguém é ministro de louvor e faz qualquer tipo de acepção de pessoas, achando que por ser um músico dentro da igreja é melhor do que outros, então, esse na verdade não é ministro de louvor. Vemos na Bíblia, várias admoestações sobre acepção de pessoas e infelizmente, os que fazem parte do ministério de louvor são fortemente tentados a se acharem melhores. Muitos querem ser artistas e não ministros.

Ainda lembrando que o apóstolo Paulo nos orientou sobre a questão dos dons na igreja (ver I Coríntios 12). Nós fomos agraciados com dons para servir à igreja, portanto, nossos dons têm que edificá-la, caso contrário, ou seja, se as pessoas não são edificadas, quero dizer, as pessoas não crescem espiritualmente com tua ministração, então, você não é um ministro de louvor, apenas um músico. Como Paulo diz no texto de Coríntios, cada membro do corpo tem sua função para servir ao corpo, então, o ministro de louvor deve servir à igreja.

Outro ponto importante do ministro de louvor é que ele deve ser um pobre de espírito. Em Mateus 5:3, no Sermão do Monte, Jesus diz que bem aventurados são os pobres de Espírito. Ser pobre de espírito é um reconhecimento pessoal que dependência de Deus e dos irmãos, é a humildade em sua forma mais pura, a que se revela por ações e não por palavras. O pobre de espírito reconhece que é pecador e que depende de Deus e precisa de sua graça para ser justificado. Vamos ilustrar melhor esse conceito lendo a parábola do Fariseu e do publicano:

"9 E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros: 10 Dois homens subiram ao templo, a orar; um, fariseu, e o outro, publicano. 11 O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. 12 Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo. 13 O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! 14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado."
Lucas 18:9-14

Observe a ação do Fariseu: por fazer coisas boas (jejuar, orar, evitar pecados, etc) ele se julgava mais justo ou melhor do que outros homens, enquanto o publicano, não tinha nem palavras pra descrever a si próprio, antes clama somente: "tem misericórdia de mim, pecador". Criticamos os fariseus por essa atitude, mas, repetimos o mesmo erro do fariseu de forma recorrente, usando outras falas e ações. O ministro de louvor não deve se julgar melhor espiritualmnete do que os outros irmãos da igreja e nem mesmo do que os visitantes, porque, se assim pensar, já está pecando com pecados mais graves.

Já o publicano mostra ser um pobre de espírito. Ele sabe que não tem nada para oferecer para Deus, que nada pode lhe justificar, somente a a misericórdia de Deus pode tirá-lo desse poço profundo.

O fariseu se considerava melhor, como ele mesmo o diz (quando agradece a Deus por não ser como o publicano), porque ele tinha status na sinagoga. Os ministros de louvor são fortemente tentados a serem assim, pois têm uma posição de destaque na igreja, são vistos pelos homens e admirados. Toda essa situação lhes fazem pensar que são melhores, que são eles que fazem a igreja "tremer"!. Pessoas assim, nunca poderão ser ministros de Deus enquanto não forem transformadas de dentro pra fora como Paulo nos fala em Romanos 12:2.

Assim como o talento musical e conhecimento profundo das Escrituras, ser pobre de espírito é uma característica imprescindível do ministro de louvor. Um coração carregado de soberba e vaidade não propriedades destrutivas, tanto para a pessoa que os detém, como para a igreja. Mais uma vez lembrando que o ministro de louvor é um exemplo para a congregação, pense nas pessoas que seguirão esses exemplos, achando que os que estão na frente da igreja são melhores do que outros, que são mais dignos ou mais santos do que outros. Por isso, digo que o comportamento soberbo é destrutivo.

Recursos modernos e o impacto na adoração

O ministro de louvor tem muitas tentações para superar e atualmente, ainda tem mais um "tempero" pra tornar essa tentação mais atraente. Os recursos usados hoje, tornam o altar em um palco. Olhamos para frente e vemos luzes, fumaça, câmeras pra lá e pra cá, telões enormes e isso tudo tende a diminuir a atenção pra adoração e mais distração.

Com todo esse espetáculo, a igreja se empolga: pula, grita, chora, sorri, mas não vemos muitos frutos de transformação. Portanto, não há necessidade de dúvida em reconhecer que esses recursos só trazem distração, são completamente irrelevantes para receber um verdadeiro mover de Deus. Quando Deus está no centro do louvor, vemos almas sendo transformadas. Se a pessoa está deprimida, ela encontra cura; se está em pecado, ela procura o conserto; se não é convertida, se converte. Para corroborar minhas palavras, vamos lembrar do grande mover do Espírito Santo na festa de Pentecostes, conforme relatado no livro de Atos, capítulo 2. Não haviam distrações; provavelmente, havia muito medo da perseguição, já que muitos cristãos estavam sendo mortos por causa de sua fé. No entanto, o que saltava à vista de todos era a sede pelo agir de Deus que estava no coração de cada cristão e todos estavam unidos em um mesmo propósito. O Espírito Santo então veio e desceu sobre eles. Após essa experiência, ocorreu um grande avivamento que mudou a vida das pessoas, tanto daquelas que estavam presentes quanto das que receberam as palavras de Pedro logo após o evento. Não foi necessário nenhum barulho ou agitação para que houvesse esse mover.

Quando ouço falar em mover de Deus, mas não há transformação de vidas e de mentes, eu sei que não foi Deus, foi meramente emoção e extase. O Espírito Santo nos convence do pecado (João 16:7-8), então, como uma pessoa pode estar cheia do Espírito Santo e continuar vivendo em pecado? Não é possível. Mas, acontece em meio ao momento de louvor várias pessoas manifestando fortes emoções e se confundem achando que é Deus que está operando. Só os frutos podem revelar o que realmente está acontecendo.

O cenário de ambiente parcialmente escuro, com luzes se movendo, imagens lindas aparecendo nos telões e uma melodia tocante, além de timbres de teclado alucinantes, podem facilmente fazer com que essa emoção pareça ser um toque de Deus. Já vi o mesmo acontecer com pessoas em shows seculares, como, por exemplo, alguém que vai ver uma orquestra sinfônica tocar. Há muitas pessoas que, ao verem pela primeira vez, choram de emoção, exatamente igual ao caso mencionado.

A adoração verdadeira deve ser em espírito e em verdade. O termo "espírito" denota a consciência e o desejo sincero e profundo de agradar a Deus e obedecer sua vontade. O adorador não se preocupa com a emoção que ele gera nos outros, não busca a aprovação do público; ele apenas se preocupa em agradar a Deus e alegrar o Espírito Santo. Em "espírito", significa ser verdadeiro em suas intenções; ou seja, se alguém diz ser um adorador, ele está de fato adorando a Deus e não utilizando o momento de adoração para outros fins. Nesse propósito, toda distração é deixada de lado; não faz parte do seu mundo. Ali, é o adorador e Deus em uma ligação perfeita, e o que os olhos do adorador contemplam é apenas a glória de Deus, nada superficial, como efeitos de luzes, melodias hipnotizantes ou coisas do tipo.

Em verdade, significa que aquilo que o adorador se propõe a fazer é realmente sincero. As palavras elevadas em canções, orações ou ações representam, de fato, os desejos do adorador de oferecê-las a Deus e implementá-las em sua vida. Se cantamos que desejamos "ser servos de todos os irmãos" (como na música "Que Ele cresça" de Deigma Marques) e, na prática, não conseguimos servir aos nossos irmãos, não estamos adorando em verdade. Esse é apenas um exemplo, mas há vários casos em que pessoas que ministram louvor nem sequer entendem a profundidade das palavras que estão cantando, resultando em situações em que cantam mensagens que não vivem.

Um dos maiores desafios do ministro de louvor é ter um coração verdadeiramnete humilde. Em vários casos onde ensinei sobre louvor e adoração e usei de eventos bíblicos para expressar o que eu estava querendo dizer, observei que quando as palavras eram promessas para as pessoas, todos se incluíam, por outro lado, quando a mensagem cobrava as responsabilidades de um ministro, normalmente elas pensam em outra pessoa, por exemplo a frase "o fulando tinha que estar aqui pra ouvir isso!" É incrível como é grande o número de pessoas que não consegue aceitar que estão cometendo erros e por isso, vemos hoje, muitos ministros de louvor famosos que continuam a trilhar o caminho da fama sem se comprometerem com a mensagem que passam.

Mais uma vez, ao abordar a parábola do fariseu e do publicano, observamos que o publicano, apesar de ser difícil assumir, não deixou de ter a humildade de reconhecer que era um pecador. Ele não seguiu o exemplo do fariseu, que atribuía tudo de ruim outra pessoa. Outra observação que faço é que muitas pessoas, ao se confessarem, tentam justificar seus pecados, dizendo algo como "eu pequei porque ele fez isso..." ou algo do tipo. Como seres humanos, temos a tendência de nos justificar, muitas vezes culpando outras pessoas. O ministro de louvor deve estar atento a isso. Se perceber que não consegue assumir seus erros, que todo erro tem uma justificativa em outra pessoa, deve buscar em Deus a correção para si. O problema é que, provavelmente, alguém vai ler este texto e dizer "isso serve para fulano...." Se você pensar assim, recomendo uma reflexão profunda e uma conversa com o seu pastor!

O chamado

O que é ser chamado? Como não temos essa definição explícita nas Escrituras, vamos pensar nos exemplos daqueles que foram chamados em todas as áreas e depois vamos focar especialmente no louvor.

Baseando os exemplos no Novo Testamento, vamos começar a refltir no chamado dos apóstolos. Todos tinham imensas dificuldades sociais e religiosas. Vários conceitos eram difíceis de entender, mas aprenderam tudo o que precisavam com Jesus. Além dos ensinos verbais, os discípulos que futuramente seriam os apóstolos, aprenderam muito com os exemplos de Cristo e fizeram do seu aprendizado sua prática de vida.

Aquele que é chamado para o ministério atribui um valor imenso ao seu chamado. Seguindo o exemplo dos apóstolos, todos eles pregaram o Evangelho sem se importar com as dificuldades que enfrentavam. Até mesmo o medo da morte foi afastado pela motivação de cumprir seu chamado. Quando vejo pessoas que afirmam ter um chamado para um ministério, mas o fazem de qualquer maneira, percebo que, na verdade, não foram chamadas. Não conheço nenhum caso nas Escrituras que mostre alguém chamado para um ministério faça dele algo fútil. A pessoa chamada para um ministério já ama o que faz antes mesmo de se envolver e procura sempre fazer um bom trabalho, sempre tentando se superar, e o ministro de louvor deve ser assim.

Há grandes críticas no meio cristão aos fariseus, mas, se olharmos bem para suas práticas, vamos ver que temos coisas pra aprender com eles. Antes de já criticar o que você vai ler à frente, devemos lembrar que existiram fariseus invejosos que perseguiram a Jesus, mas, que haviam fariseus como Nicodemos, que tiveram a humildade de reconhecer em Jesus seu ministério messiânico. Vamos nos ater nestes exemplos.

John Wesley em seu livro "O Sermão do Monte" enfatiza algo muito apropriado sobre os fariseus. Ele confronta os cristãos comparando as práticas dos fariseus, fazendo várias perguntas, como: "Você jejua 2 vezes por semana?", "Você dá dízimo de tudo o que tem?", "Você está presente em todos os momentos de oração de sua igreja?", "você guarda todos os mandamentos divinos e os pratica todos os dias?", etc. John Wesley nos faz refletir que os fariseus tinham como costume. Embora, vários fariseus tenham errado se colocando em uma posição superior a dos outros por se julgarem justos e irrepreensíveis, é notório que eles eram zelosos em tudo o que aprenderam sobre Deus nas Escrituras. Eles sabiam a Torah de cabeça e guardavam cada ensino dela. E como cristãos? Temos guardado os ensinos bíblicos e praticado os mesmos todos os dias? Temos realmente separado tempo para Deus? Temos orado com frequência? Temos sido frequentes nos cultos da igreja ou temos muitos afazeres que nos impedem de participar de nossa congregação?

Não pense em outra pessoa quando for confrontado com este texto, pense em si mesmo e reflita que se você chegou a conclusão que "sua justiça não excede a dos fariseus" (Mt 5:20), pois se assim for, você não entrará no Reino dos Céus como diz o texto de Mateus 5:20, então, como pode querer ser um ministro de Deus?

O zelo pelo chamado que Deus tem para cada um de nós é uma das coisas mais importantes para o homem de Deus em se tratando de seu chamado. Aprender, exercitar, ensinar, são frutos de quem realmente é chamado para algo, e é claro, também para quem é chamado para o Louvor.

Utopia

É muito comum ouvir pessoas do ministério de louvor dizerem que estão fazendo seu melhor pra Deus. Claro, existem muitos que estão, mas, vamos entender o que realmente é fazer o melhor.

Quando Davi pediu a Araúna que lhe vendesse a terra para oferecer holocaustos ao Senhor, Araúna imediatamente diz que se era para tal oferta, ele daria a Davi tudo o que precisasse, além das terras, ainda ofereceu os animais para o sacrifício, mas, Davi recusa a oferta com o seguinte argumento: "não oferecerei sacrifícios ao Senhor que não me custem nada" (II Sm 24:24). Davi aqui, nos ensina algo valioso: O melhor que fazemos para Deus tem um preço.

Quando alguém diz estar fazendo seu melhor para Deus, ele deve estar separando tempo de consagração com jejuns e oração, deverá estar preparando o que vai levar para Deus, se for ministério de louvor, ele vai se preparar espiritualmente e musicalmente. Infelizmente, "o melhor para Deus" virou uma desculpa para esconder a preguiça de se preparar para fazer algo na igreja. Essa utopia de tentar se convencer de que está fazendo o melhor pra Deus sem nenhuma ação. Sacrifícios baratos não demonstram interesse em fazer algo relevante, bem feito, mas, mediocre.

Ainda pensando em sacrifícios, pensemos agora em Caim e Abel: qual sacrifício foi melhor aceito? Muitos pregadores e pastores dizem que Caim não trouxe o que era o melhor dos seus campos, enquanto Abel trouxe o melhor dos animais, por isso o de Abel foi aceito com mais alegria pelo Senhor. Mas, o que é o melhor que podemos fazer, sem filosofias ingênuas e preguisosas? Pense: Quando tempo você se dedica para Deus por dia? Quanto tempo, você se dedica ao estudo da Palavra? Quanto tempo você se dedica ao aprimoramento do serviço que você presta na igreja, mais especificamente, para o aprimoramento musical? Observe que quando pergunto sobre aprimoramento, é o tempo que você gasta em melhorar aquilo que você já sabe fazer. Se você consegue ser sincero consigo mesmo e entende que precisa de uma disciplina para se aprimorar, então, você estará seguindo o caminho correto para dizer que está fazendo o seu melhor para Deus. O preço pelo sacrifício estará sendo pago com seu esforço.

A importância do material

Em grande parte dos pensamentos cristãos, o material não é relevante no contexto espiritual. Por exemplo, há aqueles que acham que não devem se importar com o material que tudo deve vir do coração. Quando falamos de sacrifício para Deus, isso não é verdade. Deus nos fez seres materiais e por isso, nosso material importa muito para ofertarmos a Ele. Podemos exemplificar isso com o dízimo, que é nosso dinheiro material para ofertarmos para Deus. Por hora, vamos ater somente a sacrifícios de adoração.

Quando Caim e Abel ofereceram ao Senhor sacrifícios, o melhor aceito foi o de Abel, porque o seu sacrifício material era o melhor. Quando Deus ordenou os sacrifícios de expiação pelos pecados, Ele determinou que o melhor cordeiro deveria ser oferecido, quando Deus pediu um sacrifício a Abraão, ele pediu seu filho Isaque, tudo tinha que ser o melhor no âmbito material. Quando a viúva pobre oferece sua única moeda para ofertar, não foi só de coração, ela tirou do seu material e foi tudo o que ela possuía. Como vemos, o material tem um verdadeiro impacto no espiritual, mas por quê?

O que oferecemos de material reflete a intenção de nosso espiritual. Isso não significa que o nosso espiritual não tem importância para elevarmos um sacrifício a Deus, mas exatamente o oposto. A decisão de fazer a melhor oferta material é justamente porque o espiritual está alinhado com os pensamentos de Deus, ao passo que quem não está em perfeita comunhão com Deus não se importa com o que oferece e faz sacrifícios medíocres. A oferta também tem ligação direta com o temor a Deus, pois aquele que teme ao Senhor, não levará consigo um sacrifício qualquer.

O ministro de louvor precisa entender que sua oferta material reflete o que está interiorizado e foi moldado espiritualmente. O ministro de louvor se preocupa em se preparar em todos os sentidos para ministrar e tudo é importante. Seu preparo vocal, a condição de seu instrumento, o preparo até mesmo do som da igreja são coisas relevantes para oferecer um sacrifício de louvor. Isso não é mera filosofia é a verdade.

Assim como as Escrituras comparam Jesus e a Igreja como o Noivo e a noiva, vemos que a noiva se prepara adequadamente para o Noivo, se banhando, passando seus perfumes, ficando bela para receber o Noivo. Tudo isso é devido ao amor interior que a noiva quer expressar de forma exterior (fisicamente) ao Noivo. Da mesma forma, os ministros de Deus, os ministros de louvor devem se preparar para agradar ao Noivo, pois o amam e esse mesmo amor se manifesta materialmente.

Preparando o louvor

No tocante ao preparo para o louvor, é um assunto que consome um texto bastante longo, então, vou expor aqui de forma resumida os assuntos mais importantes para este preparo.

Temos duas abordagens para o preparo do louvor: o espiritual e o material. O espiritual, já conhecemos bem, pois o mesmo é profundamente abordado em estudos e pregações. O preparo espiritual do ministro de louvor não difere do preparo, por exemplo, de um pastor que fará sua próxima pregação. Sabemos que a comunhão diária com Deus é imprescindível, a adoração através de oração e jejum é algo que deve ser uma prática no preparo espiritual daquele que fará uma pregação assim como aquele que ministra louvor. Sendo assim, considerando que esses conceitos já são bem conhecidos, vamos falar mais enfaticamente do preparo material que é ignorado em muitos casos.

O que vem a ser a preparação material do louvor?

Vamos analisar este preparo pelo lado dos cantores e também dos instrumentistas. A começar pelos cantores, especialmente aqueles que vão conduzir o louvor. Normalmente estes têm suas equipes que lhes dão suporte, então é necessário que o líder de louvor (o que vai conduzir o momento de louvor) conheça bem sua equipe.

Ao escolher os cânticos de louvor, o lider de louvor deve saber se sua equipe tem a capacidade musical para cantar e tocar as músicas selecionadas. Se essa capacidade existe, ótimo! Caso não, a música não deverá ser colocada para o momento de louvor, mas, não se deve descartá-la. A música deverá ser levada para a equipe e a mesma deverá praticá-la em ensaios individuais e coletivos, preferencialmnete, em ensaios exclusivamente vocais e instrumentais e por último gerais. Os ensaios vocais podem ser feitos usando somente violão ou um teclado, ou até mesmo um playback (se não for necessária uma alteração do tom da música).

O líder de louvor não deve colocar a equipe para tocar e cantar músicas que a mesma não tem segurança em executá-la. Preparar bem a equipe dá segurança na hora de executar a música e mais liberdade durante as ministrações e além disso, o arranjo musical ficará melhor tocado. Insistir em tocar uma música que sua equipe não tem experiência é arriscar fazer um momento feio e incômodo para a igreja. Não podemos ignorar que quando a equipe não consegue tocar e cantar as músicas escolhidas, a igreja não se sente bem e pode até afastar as pessoas, ao passo que o contrário se torna agradável e atraente.

O preparo também envolverá os ensaios. Só passar som não é ensaio. O ensaio é constituído de início, meio e fim, ou seja, precisa ter um período de inicialização, onde todos os participantes vão passar o som, aquecer a voz, verificar os instrumentos, etc. Podemos incluir no início do ensaio também, a definição para os participantes de pontos específicos da música, como por exemplo, pontos de respiração, pontos de divisão vocal, momentos de solo, convenções, inversões de acordes, pausas, etc. Além disso, também a parte técnica do som deverá ser analisada, como por exemplo, volume ideal para cada microfone e tipo de voz, volumes dos instrumentos, retornos, etc. A participação do corpo técnico é importante no caso de ensaios gerais. Enfim, o início do ensaio deve ser a explicação do arranjo musical de cada música e a adequação do som (no caso de ensaios gerais).

Já o meio do ensaio fica a avaliação da execução do arranjo musical. Nesse momento, os participantes tiram suas dúvidas, expõe novas ideias e conferem o que está sendo feito, corrigindo os erros e melhorando o que pode ser melhorado. Não é necessário tocar a música completa; como o objetivo é acertar todos os pontos do arranjo, é interessante primeiramente passar as fases da música passo à passo e depois de tirar todas as dúvidas, tocá-la toda. Se der tudo certo, repita a música completa mais umas duas ou três vezes para ajudar a fixar. Também é importante nesta fase do ensaio, anotar em papel as mudanças ocorridas e também os pontos de dúvida. Ainda que estejam todos resolvidos, ter uma lembrança de pontos estratégicos é fundamental para ajudar a fixar todos os detalhes de arranjos e com isso, diminuir tempo gasto com erros.

O final do ensaio deve ser composto por mais uma passada geral na(s) música(s) e uma última análise. Se ainda houverem pontos de dúvidas, os mesmos deverão ser marcados e trazidos novamente nos próximos ensaios, caso não hajam, basta mater a "colinha" para não esquecer do que foi feito.

Os ensaios individuais também são momentos imprescindíveis no preparo do momento de louvor. Nos ensaios individuais é importante para o ministro ter um playback das músicas que serão ensaiadas, terem cópias das letras com marcações de pontos de divisão, respiração e notas importantes para serem lembradas. O músico deve dar uma grande importância para o ensaio individual, pois o mesmo poupará bastante tempo nos ensaios coletivos.

O corpo técnico também deve se preparar. Ter em mente toda a configuração necessária em mente deverá ser sua prioridade. Por exemplo, conhecer os níveis vocais de cada cantor para definir corretamente os volumes dos microfones, entender o timbre de cada frequência, para saber equalizar bem cada canal. Entender bem efeitos como compressores e reverbs para não suprimir o som e prejudicá-lo ao invés de melhorá-lo.

Outra coisa importante é que o pessoal da técnica deve ficar o tempo inteiro de olho na equipe de músicos enquando a mesma está ministrado, para resolver qualquer intercorrência o mais rápido possível. Também deve monitorar através de fones os volumes de retornos e de saídas auxiliares, como por exemplo, som que vai para lives.

Uma observação importante é que todo o ministério é responsável pelo equipamento de louvor. Os instrumentos da igreja, microfones, fones de ouvido, cabos, tudo é de responsabilidade de todos do louvor, não pode ficar somente a cargo do pessoal técnico ou do líder do ministério.

Recursos necessários

Dentre os recursos que o ministério precisa, uma boa parte são letras e cifras. O lider de louvor não deve ser responsável por conseguir esse material para os participantes, pois os próprios devem prover isso para si. O líder deve passar o repertório com antecedência e os participantes que precisam de letras e cifras, devem buscar obter. Se o líder tiver que buscar cifras e letras para todos da equipe ele se prejudica, pois é um por todos, e no caso inverso, cada um é responsável por conseguir seus próprios recursos. Isso, tira peso da liderança e delega responsabilidades para cada participante, o que é saudável para o ministério.

Se tua igreja tem recurso de retornos por fones, então é recomendável que cada participante tenha seu próprio fone. Assim como na maioria dos casos, os intrumentistas têm seus intrumentos, os cantores também podem investir em si mesmos adquirindo fones particulares.

Conclusão

O ministério de louvor não deve ser visto como uma banda, pois existem resposabilidades espirituais sobre as vidas das pessoas na igreja. Também não deve ser visto somente como algo espiritual, pois a parte musical também é de grande importância. Todo preparo, seja espiritual seja musical é importante. Como qualquer ministério na igreja, quem deve fazer parte do ministério são pessoas chamadas para tal e essas já devem apresentar o talento necessário para servir. Para um exemplo prático, nenhuma empresa colocaria uma pessoa sem carteira para um cargo de motorista! Da mesma forma, nenhum ministério deve colocar ministros que não tenham aptidão para a função que devem exercer.

Para o corpo técnico, recomendo ver o artigo sobre equalização em meu blog de música "Melodia & Arte" (melodiaearte.blogspot.com). Clique aqui para abrir a página.

Espero que este estudo seja de edificação e importância para todos aqueles que desejam fazer parte do ministério de louvor e também para aqueles que já fazem parte. Deus abençoe!

26 de dezembro de 2023
Por Rogério Filho

Um comentário:

Ronaldo Resende disse...

Excelente artigo. Muito esclarecedor. Parabéns pela condução das palavras.